quinta-feira, 17 de junho de 2010

Veja também!

Em "Manual do Professor", você vai encontrar sugestões para trabalhar o conteúdo explícitas na página "Trabalhando o Tema". Encontrará também a "Análise da música: Vida Submissa" e uma "Sugestão de Atividade" que pode ser aplicada, até mesmo, como forma de avalização, além de outras propostas e possibilitades de exercícios.
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Por isso, veja essas outras páginas que podem auxiliá-lo na elaboração de sua aula!
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Elas estão localizadas, ao lado direito do Blog, em "Manual do Professor"
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Clique e confira!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

8 - Pátria Amada (Banda Inocentes)

Pátria Amada, é pra você esta canção
Desesperada, canção de desilusão
Não há mais nada entre eu e você
Eu fui traído e não fiz por merecer
*
Pátria Amada, cantei hinos em seu louvor
Mas tudo o que fiz de nada adiantou
Na boca amarga ainda resta esse refrão
Que diz pra morrer por ti e não importa a razão
*
Pátria Amada, como pude acreditar
Em palavras vazias e promessas soltas no ar
Pátria Amada, você me decepcionou
Quando eu lhe pedi justiça você me negou
*
Pátria Amada
*
Pátria Amada, de quem você é afinal
É do povo nas ruas? Ou do Congresso Nacional
*
Pátria Amada, idolatrada, salve, salve-se quem puder.

Música do LP "Adeus Carne" de 1987, produzido por Geraldo D’Arbilly e Pena Schmidt

Música "Pátria Amada" interpretada pela própria Banda Inocentes - 2009.

7 - Vida Submissa (Banda Inocentes)

Abra bem seus olhos
Mas cuidado para não manchá-los de sangue
Você vai ver o que não quer ver
Por isso não se espante.
Você vai ver uma multidão cega
Pela cidade a se arrastar
Tão oprimida,tão massacrada
Que não consegue nem pensar
*
Sem forças pra lutar
Tendo que se calar
E se submeter
Tendo que aceitar
*
Essa vida submissa (3x)
Que nos destrói
*
Andam sem destino
Debilmente desorientados
Sem saber que pela vida
Foram duramente marcados.
Nos seus lares os seus filhos
Não saberam jamais
Que se não mudarem agora
Estão condenados a serem como seus pais
*
Sem forças pra lutar
Tendo que se calar
E se submeter
Tendo que aceitar
*
Essa vida submissa (3x)
Que nos destrói

Essa música fez parte do que seria o primeiro LP da Banda Inocentes chamado "Miséria e Fome", entretanto, 10 das 13 músicas do disco foram censuradas, por isso, o lançaram como compacto com apenas três faixas.
(O CD na íntegra foi lançado em 2001)

Nesse video, a música é interpretada pela Banda Garotos do Subúrbio.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

6 - O Legado...

É indiscutível a importância do Punk, tanto como gênero musical, como Movimento Contracultural, Social ou Político.
Entretanto, o Punk foi, de certa forma, absorvido pela sociedade, virou moda e new wave (nova onda), mesmo assim, desenvolveu técnicas de resistência, na tentativa de sobreviver em seu aspecto mais puro. O Rock rejuvenesceu, muitas bandas surgiram como influências diretas do Punk, como Paralamas do Sucesso, Aborto Elétrico...
Enfim, o Punk deixou suas marcas no mundo.

Depois de ver um pouco do que foi o Punk, qual sua perspectiva em relação ao Movimento?

CRÉDITOS:
O video foi produzido com trechos do documentário:
Nome: Botinada: A Origem do Punk no Brasil
Duração: 110 minutos
Direção: Gastão Moreira
Produção: Toro Production Company
Ano: 2006 – Brasil
Gênero: Documentário

5 - Mídia do Mal...

A mídia precisa chamar a atenção para ela mesma, se posicionar e transmitir sua “verdade” para as pessoas. É um eficiente instrumento do sistema, se articula à uma sociedade alienada, com pouco incentivo à educação e, portanto, pouco senso crítico, onde é mais fácil absorver aquilo que é pronto e idealizado do que construir sua própria perspectiva quanto ao assunto, estudando-o. Se pega o caminho mais curto: o “enlatado” dos meios de comunicação, transforma tudo em senso comum e, ao contrário do que se deveria fazer (investigar a causa e descobrir o problema maior que está inserido na sociedade que submetem esses jovens a se posicionarem dessa forma, encontrando uma solução para tal), se inverte o problema e o emprega ao próprio Punk, porque é mais simples acabar com o Punk do que com os problemas sociais, assim a sociedade vive feliz!

CRÉDITOS:
O video foi produzido com trechos do documentário:
Nome: Botinada: A Origem do Punk no Brasil
Duração: 110 minutos
Direção: Gastão Moreira
Produção: Toro Production Company
Ano: 2006 – Brasil
Gênero: Documentário

4 - O Começo do Fim do Mundo (27 e 28 de Novembro de 1982)

O Começo do Fim do Mundo foi o primeiro Festival Punk brasileiro, tinha como objetivo reunir, pacificamente, todos os participantes do Movimento em dois dias de apresentações das bandas no SESC da Pompéia – São Paulo. Entretanto, o objetivo de não haver brigas não foi atingido, houve uma discussão entre os punks do ABC e de São Paulo, a polícia chegou para interromper o evento, mas, como os próprios punks que participaram do evento concluíram, todas as bandas que estavam lá para se apresentar, tocaram suas músicas e o evento durou o tempo que deveria durar. Foi também a primeira oportunidade da sociedade ter um contato mais direto com o Punk.

CRÉDITOS:
O video foi produzido com trechos do documentário:
Nome: Botinada: A Origem do Punk no Brasil
Duração: 110 minutos
Direção: Gastão Moreira
Produção: Toro Production Company
Ano: 2006 – Brasil
Gênero: Documentário

3 - Punk's X Punk's!!! As tretas...


Um dos grandes problemas da consolidação do Movimento Punk no Brasil foram as brigas entre gangues. No caso de São Paulo, principalmente, entre as regiões do ABC e da cidade São Paulo (os chamados punk's da city). Uma falta de unidade entre seus participantes impossibilitou o fortalecimento do Movimento, além disso, pessoas que nem mesmo eram punk's, mas, que gostavam de promover brigas aproveitaram a oportunidade para se infiltrarem nesse cenário. O resultado foi a assimilação de uma visão deturpada acerca do Punk, transmitida pelos meios de comunicação para a sociedade. A mídia distribuiu pré-conceitos e difundiu o senso comum estereotipando características de violência e de bandidismo juvenil.

CRÉDITOS:
O video foi produzido com trechos do documentário:
Nome: Botinada: A Origem do Punk no Brasil
Duração: 110 minutos
Direção: Gastão Moreira
Produção: Toro Production Company
Ano: 2006 – Brasil
Gênero: Documentário

2.1 - Punk contra MPB?

A MPB (Música Popular Brasileira) também foi uma forma de contestação dos jovens brasileiros contra os padrões dominantes. Entretanto, esses jovens vinham de famílias de classe média e alta que pregavam uma visão otimista do futuro e utilizavam letras simbólicas e metafóricas romantizando as questões sociais, ao contrário do punk, que nem mesmo enxergava um futuro e explicitava a violência da forma mais objetiva possível.

CRÉDITOS:
O video foi produzido com trechos do documentário:
Nome: Botinada: A Origem do Punk no Brasil
Duração: 110 minutos
Direção: Gastão Moreira
Produção: Toro Production Company
Ano: 2006 – Brasil
Gênero: Documentário

2 - A juventude antes do punk...

Por: Jessica T. Briano
A juventude já vinha se posicionando ideologicamente frente à sociedade muito antes da explosão punk. Cada movimento juvenil possuiu suas particularidades e formas de contestação, sendo todos eles relevantes.
No século XX podemos assinalar alguns movimentos intelectuais e sociais que pregavam a ruptura com os paradigmas dominantes, como os existencialistas do pós Segunda Guerra Mundial, que contestavam a própria existência, a religiosidade, e indagavam sobre o significado do ser humano. Os beatniks, jovens letrados de classe média baixa e alta, embalados pelo jazz, possuíam certa postura existencialista e foram responsáveis por uma série de mudanças na sociedade ocidental, eles difundiram as experiências de vida ao ar livre, a celebração de si mesmo em harmonia com o universo, as caronas, entre outras coisas que fugissem ás regras. E o que dizer do rock’n’roll que surge em meados de 1950 e vai embalar os diversos outros movimentos como o hippie e o próprio punk. Inicialmente, o rock será uma melodia inovadora e simples, mistura de vários ritmos como o country e o Rithym&Blues, e terá como seu precursor um dos maiores nomes da música Elvis Presley. Nos anos 60 o rock ganha um caráter político em suas letras. O responsável foi o movimento hippie, que incorporou o rock’n’roll e, ao mesmo tempo, a postura beat, incrementando um elemento novo a essa mistura, o LSD. Enfim, a ideologia “paz e amor” foi difundida em várias partes do mundo, mas como tudo tende a ser assimilado e adestrado pelo sistema “o sonho acabou”, disse John Lennon, membro da mais importante banda dessa geração The Beatles, e foi incubado/consumido pela sociedade.

1.3 - As primeiras bandas Punk's Brasileiras





Montado o cenário Punk internacionalmente, os jovens brasileiros antenados, que buscavam informações, atentaram para esse novo som e visual.



O Brasil vivia uma fase de muita repressão social, cultural e política devido a ditadura militar, mesmo assim, os jovens conseguiram burlar essa aparato repressivo e deram início ao que chamamos de Punk, formando as primeiras bandas, fazendo os primeiros ensaios e até promovendo pequenos shows, agrupando cada vez mais jovens à esse estilo.



CRÉDITOS:
O video foi produzido com trechos do documentário:
Nome: Botinada: A Origem do Punk no Brasil
Duração: 110 minutos
Direção: Gastão Moreira
Produção: Toro Production Company
Ano: 2006 – Brasil
Gênero: Documentário

1.2 - Influências do cenário norte-americano para o nascimento do Punk no Brasil e no Mundo

Nesse video reafirmamos o que foi narrado, no texto publicado anteriormente "Uma breve História do Punk", as influências do cenário internacional (quase que exclusivamente norte-americano) com bandas como MC5, The Stooges, New York Dolls, Dust, Kiss, Led Zeppelin, Black Sabbath, entre outras, que proporcionaram o nascimento de um novo estilo de música, o Punk.

CRÉDITOS:
O video foi produzido com trechos do documentário:
Nome: Botinada: A Origem do Punk no Brasil
Duração: 110 minutos
Direção: Gastão Moreira
Produção: Toro Production Company
Ano: 2006 – Brasil
Gênero: Documentário

1.1 - A visão de alguns punk's brasileiros sobre o Movimento

Nesse video observamos jornalistas, documentaristas e os próprios punk's falando acerca do Movimento.

É interessante desfrutarmos dessas opniões, já que, elas expressam o sentimento de pertencimento de um grupo por parte daqueles que estiveram lá, que fizeram parte disso.

Várias pesquisas tentam responder perguntas como "o que é punk?", e neste documentário nos deparamos com um pouco dessa resposta. No entanto, punk pode ser ideologia, cultura, política, atitude, basta direcionarmos o olhar para onde queremos encontrá-lo.

Vamos tentar ver o punk da nossa própria perspectiva, mas, com o cuidado de antes conhecê-lo mais afundo.

CRÉDITOS:
O video foi produzido com trechos do documentário:
Nome: Botinada: A Origem do Punk no Brasil
Duração: 110 minutos
Direção: Gastão Moreira
Produção: Toro Production Company
Ano: 2006 – Brasil
Gênero: Documentário

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Punk!!!

1 - Uma breve História do PUNK:

Por: Jessica T. Briano

É na década de 70 que veremos o nascimento do punk, que não quer contestar somente a sociedade, ele quer destruir o otimismo florido e o sonho psicodélico da geração “paz e amor”, o punk está insatisfeito com tudo, com a sociedade, com o rock progressivo, com o comportamento dos, agora, riquíssimos roqueiros que esqueceram suas origens e estão na onda glamour rock, tudo é superproduzido, bombástico e presunçoso. Eles queriam o retorno ao básico.

O punk foi o responsável por essa volta às origens, com uma música simples, ágil, sem grandes aparatos e muito autêntica, era aquela que poderia ser composta e tocada por qualquer jovem.

Punk é uma palavra de origem inglesa que, inicialmente, possuía significados como madeira podre, inepto, sujo, insano, pessoa desqualificada, entre outros. Seu surgimento, contudo, não foi na conjuntura do movimento. Segundo Antonio Bivar, Shakespeare já havia utilizado tal expressão em sua peça Medida por Medida, outro aparecimento foi no filme Juventude Transviada de 1955 (Rebel without a case, direção Nicholas Ray) e, em letra de rock, apareceu pela primeira vez em 1973 na música Wizz Kid, de uma banda pré-punk chamada Mott the Hoople, porém, até esse momento a palavra era usada apenas como substantivo e não como movimento.

A explosão do punk ocorre no final da década de 70, jovens ingleses revoltados e inconformados com a estagnação da sociedade, proporcionaram o surgimento de uma nova corrente musical dentro do rock e de uma nova forma de se vestir que tinha como objetivo chocar e passar uma imagem de violência, externando o que a juventude sofria.

Coturnos, cabelos moicanos, correntes, tatuagens, calças rasgadas, camisetas surradas e os símbolos utilizados (a suástica, o crucifixo de ponta-cabeça), assim como, suas músicas lançavam gritos de raiva, contra o tédio e à frustração da falta de perspectivas. O corpo se transformara no reflexo do mundo, “explicitava-se a violência da sociedade, denunciando-a e, ao mesmo tempo, devolvendo-a simbolicamente contra a ordem social que lhe deu origem”. (CARMO, 2003, p.149)

É evidente que o cenário inglês proporcionou uma nova forma de protesto através do punk, possuindo características e particularidades únicas. Entretanto, a Inglaterra desfrutou de uma grande influência norte-americana, que segundo Fabio Henrique Ciquini, no ano de 1973, já havia produzido um rock rápido e atitudes polêmicas.

Ciquini assinala a importância de bandas como Velvet Undergrund, MC5, The Stooges, New York Dolls e Ramones, para o surgimento do movimento punk. Alguns grupos já possuíam músicas com temas sociais, características pessimistas e que muitas vezes retratavam o lado desprivilegiado da sociedade, outras se restringiram ao som rápido, aos insultos contra o público e as drogas, além de encenações absurdas e da moda e estética que não primava o belo, mas o diferente. O que será marcante no movimento punk.

Contudo, muito mais envolvidos com a música e com a rebeldia sem causa, o cenário pré-punk americano esteve pouco envolvido com a política daquele país, diferenciando-se do punk inglês que terá a sociedade como o alvo direto de suas críticas. “A preocupação dos jovens norte-americanos era sair à noite, ouvir uma boa banda e drogar-se demasiadamente”. Mas não podemos deixar de assinalar o quão importante foram essas mudanças, que começaram nos Estados Unidos, para o surgimento do movimento punk na Inglaterra. (CIQUINI, 2006, p.22)

No entanto, o Sex Pistols considerada a primeira banda punk, segundo grande parte dos teóricos do assunto (Bivar, 1982; Carmo, 2003; Costa, 1993; Ciquini, 2006), foi formada por Malcolm McLaren, um estudante de arte, que após uma viagem à Nova Iorque realizada com o grupo New York Dolls, percebeu que músicas de curta duração, que falassem sobre problemas sociais, juntamente com a inserção da política de confrontos e controvérsias e a transmissão de gestos que demonstrassem atitudes de rebeldia eram extremamente promissoras. Mas, sobretudo que Nova Iorque não era o lugar, e sim, Londres para essas experiências.

Malcolm McLaren era dono de uma loja no bairro de Chelsea (Londres) que já havia mudado várias vezes de nome e de artigos para venda, aliás, foi o local onde conheceu o grupo New York Dolls. Quando volta de sua viagem à Nova Iorque, muda novamente o nome de sua loja, que agora (em 1975) se chama SEX. Malcolm foi o responsável por reunir os Sex Pistols. A primeira formação do grupo foi composta por Steve Jones (guitarra), Paul Cook (bateria) que eram freqüentadores da SEX, Glen Matlock (baixo) que trabalhava na loja – tempos mais tarde será demitido e em seu lugar entrará Sid Vicious – e John Lydon (vocal), que mudará seu nome para Johhny Rotten .

Está formada a banda punk que vai sacudir a sociedade inglesa. Niilismo, idéias libertárias, política de choque, ausência de esperança e drogas, são algumas características marcantes desses garotos, estremecendo a tradicional sociedade britânica e conquistando cada vez mais jovens para um novo som e estilo de vida, para o punk.

Depois dos Sex Pistols, cuja primeira apresentação foi em novembro de 1975, várias bandas vão surgir na cena punk, algumas fortemente influenciadas por eles. 1976 é o ano da revolução do estilo, o visual punk estava em alta, era a moda do momento. No entanto, havia “mais sentimento que consciência”, os jovens punks se identificavam com o estilo, com a música e o comportamento, mas ainda não possuíam a consciência de que faziam parte de um movimento político, até negavam esse engajamento. Mesmo sem essa consciência, o punk já era de certa forma político, na medida em que deixava transparecer ideais anarquistas. (BIVAR, 1982, p.50)

É também ano de 1976 que surgem, o primeiro fanzine (Sniffing Glue – Cheirando Cola, escrito por Mark P.), o primeiro festival punk (20 e 21 de setembro, no Club 100), os primeiros compactos punks (5 de novembro de 76, Damned lança New Rose e 26 de novembro os Sex Pistols lançam Anarchy in the UK). Mas é em 1977 que a explosão punk está a nível mundial, na Inglaterra e Estado Unidos não se fala em outra coisa. Alguns países se mostram apáticos com o assunto como a França e a Itália, enquanto no terceiro mundo, as informações são um tanto distorcidas e nos dão a idéia de banditismo mirim. Depois da apresentação do punk para o mundo, e consequentemente, da exposição do comportamento um tanto exagerado por parte de alguns punks durante shows, com brigas e acidentes, faz com que o movimento se torne sinônimo de vandalismo e má reputação.

No ano de 1978, ocorreu que tudo que é novo começou a ser chamado de New Wave , inclusive o punk, descaracterizando o movimento num processo de “adestramento” por parte das grandes gravadoras. Além disso, temos a separação dos Sex Pistols (em uma viagem de turnê aos EUA). Esses dois eventos balançaram o movimento punk que vai perdendo sua vitalidade. Nos anos seguintes (1979-80) foram intensos os lançamentos de novas bandas consideradas New Waves em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Mas, com esses acontecimentos, será que o punk acabou? A mensagem de 1981 é: O Punk não morreu (Punk’s not Dead).

“Não importa que pareçam diferentes entre eles, os contestadores das ruas, os escapistas e os anarquistas, todos fazem parte de um movimento que deflagra uma rebelião adolescente. (...) O punk tem que continuar como o veneno na máquina”. (BIVAR, 1982, p.85-86)
Existem punks por todos os lados em 1981, nos países socialistas e capitalistas, desenvolvidos e subdesenvolvidos. Veremos como o punk surgiu e se consolidou no Brasil.

Para Bivar o berço do punk no Brasil foi a cidade de São Paulo, que por ser a maior do país, é onde as coisas acontecem, as informações são mais acessíveis e onde seria possível um movimento de rebeldia jovem urbana como o punk. O punk de São Paulo não é uma cópia importada, mas uma identificação adaptada à realidade local e surgiu aqui, assim que da Inglaterra, explodiu para o mundo. As primeiras bandas datam de 1978, contudo, foi nos anos 80 que o movimento se consolidou no Brasil.

Mesmo sem estratégias do mercado fonográfico, jovens moradores dos subúrbios e periferias começaram a buscar informações de discos e tendências musicais, que não faziam parte da cultura de massas. Ao identificarem-se com o som, as idéias e o visual punk de grupos ingleses, adaptaram o movimento à realidade brasileira.

Em 1982 já existia uma grande quantidade de bandas:

"Olho Seco, Cólera, Fogo Cruzado, Lixomania, Mack, Suburbanos, Ratos de Porão, Desertores, Passeatas, Ulster, Guerrilha Urbana, Setembro Negro, Juízo Final, Indigentes, Negligentes, Anarcoólatras, Saturados, Anonimato, Agressão, Repressão, Extermínio, Desordem, Detenção, Psykose, Neuróticos, Inimigos e as bandas femininas Skizitas, Zona X e Banda Sem Nome - para citar apenas metade delas." (BIVAR, 1982, p.95)
Em abril do mesmo ano, foi lançado o primeiro disco punk brasileiro em selo independente, Grito Suburbano, que reunia as bandas Olho Seco, Inocentes e Cólera. Ocorreu também o primeiro festival em novembro de 1982, O Começo do Fim do Mundo, no SESC da Pompéia – São Paulo.

O punk internacionalizou-se através da troca de informações entre diversos países. O punk também tentou se amadurecer, com protestos prudentes contra o Sistema, guerras e injustiças sociais. O movimento que se pretendeu construir a partir de 1982, tornou-se incompatível com o niilismo anárquico e violento. Procurou-se “retrabalhar o sentido de anarquia em uma nova direção que estivesse longe da idéia de caos, de destruição, de desordem, de bagunça.” Com o incentivo à leitura de textos escritos por teóricos anarquistas, buscou-se um engajamento político de contestação contra o Estado e contra guerras, e o incentivo para a não utilização de drogas e da violência. (COSTA, 1993, p. 68)

Entretanto, é impossível afirmar uma unidade no movimento punk brasileiro. Em São Paulo, podemos citar as divergências entre os grupos do ABC e Zona Leste contra os grupos do centro da cidade, chamados de punks da city. Muitas vezes essas divergências trouxeram problemas ao movimento como críticas da imprensa (porta-voz do sistema), que passaram à sociedade uma idéia do punk ser constituído de jovens drogados, vândalos e violentos. Talvez esse tenha sido o maior problema do movimento, a falta de consistência e conformidade entre seus participantes, o que permitiu seu esgotamento.

Nacionalmente e internacionalmente o punk foi um movimento extremamente criticado pelo sistema, mas, também foi responsável por influenciar uma série de novos estilos musicais. A tentativa de absorver o punk e descaracterizá-lo culturalmente intensificou-se na medida em que ele ganhava grandes proporções. Contudo, as comunidades subversivas tendem a desenvolver uma tradição de resistência e insubordinação contra a ordem estabelecida. O movimento punk foi inovador e mutável na medida em que o sistema tentou introduzi-lo no mercado de consumo e/ou transformá-lo em algo repugnante. Entretanto, existem punks preocupados com a imagem do movimento e que prezam por ela. É por isso, que ele ainda sobrevive. Punk não é só musica, moda, rebeldia. O punk também é atitude consciente, cultura, ação política, enfim, é um estilo de vida.

BIBLIOGRAFIA:

BIVAR, Antonio. O que é punk. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1982.

CARMO, Paulo Sérgio. Culturas da rebeldia: a juventude em questão. São Paulo: Ed. SENAC, 2003. (p. 124-150)

CIQUINI, Fabio Henrique. Da rebeldia ao consumo: uma análise estética e comportamental da moda e música no movimento punk. 2006. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso – Comunicação Social, habilitação em Jornalismo) Universidade Estadual de Londrina, Londrina.

COSTA, Márcia Regina da. Os carecas do subúrbio: caminhos de um nomadismo moderno. Petrópolis: Ed. Vozes, 1993.

SOUSA, Rafael Lopes de. Punk: cultura e protesto, as mutações ideológicas de uma comunidade juvenil subversiva – São Paulo 1983/1996. São Paulo: Ed. Pulsar, 2002.

TURRA NETO, Nécio. Enterrado vivo: identidade punk e território em Londrina. São Paulo: Ed UNESP, 2004. (p.27-82)